o leve

As gravações

As gravações, mixagem e masterização d’O Leve foram feitas na Casa do Som, estúdio-apartamento do talentoso Dudu Maia. Leia abaixo o relato do Dudu sobre todo o processo:

O Leve – Captação, mix e master

Gravina:

O processo de gravação me agradou muito pelo fato de ter sido produzido logo de início com um espírito muito “ao vivo”.

Pedro, Misael e Zé Krishna gravaram cavaco, teclados e guitarra simultaneamente na sala de estar enquanto Tatá e Danú gravavam as vozes no quarto ao lado.

Após as gravações de base, foram feitos “overdubs” de voz, violão, percussão, baixo, bateria, violino, sax, teclados, etc. As músicas nasciam com forma e espírito bem definidos desde o primeiro momento e os tracks adicionados posteriormente se moldavam à música de forma espontânea e natural.

Bebel dirigia estes takes de modo que fossem tocados de uma única vez do início ao fim. Evitava interrupções, repetições ou emendas. Bebel sabe utilizar o que cada indivíduo tem de melhor! Ele foca nas qualidades de cada músico. Ele enxerga o “brilho” em cada um e tira grande proveito disso! Ganha tempo e resultado evitando testar ou “provocar” as limitações do instrumentista no ato da gravação.

Os takes selecionados para a versão final eram escolhidos logo após serem captados, o que facilitou bastante o trabalho de pós-produção, edição e mixagem. Não teve essa de: “conserta na mix”… Graças a deus!!!

Para as gravações de base foram utilizados 8 canais simultâneos:

Cavaco: microfone Miktek C5, preamp Millennia e EQ Manley Massive Passive (boost em 200hz e cut em 4khz).

Teclados gravados em linha stereo, diretamente na interface.

Guitarra gravada em 3 vias: sinal thru passando por DI Avalon U5, microfone Shure sm57 captando o amplificador do Zé e passando por preamp Avalon 737, sinal de linha do amp de guitarra passando por preamp Universal Audio LA610.

Voz de Tatá: microfone valvulado Miktek C4, preamp Millennia, compressor Daking FET III e EQ Manley Massive Passive.

Voz de Danú: microfone Lauten Audio Clarion com preamp Universal Audio 610.

Para as gravações de overdubs (coros, bateria, violino, percussão, baixo, violões, sopros, etc) foram utilizados sets bastante variados,. Os microfones mais utilizados foram os Miktek C5 (meus condensers favoritos para instrumentos de corda, percussão e overheads), Shure sm57 para percussão em geral (nunca decepcionam!). Também foram utilizados Neumann km184 para cordas, e Royer 101 para sax e surdo.

Mixagem:

O processo de mixagem foi facilitado por eu ter acompanhado a direção do Bebel como produtor e arranjador durante a execução de cada faixa. Os takes foram feitos sem emendas desnecessárias, preservando a vibe natural e espontânea das músicas. Muitas edições, consertos e emendas podem arruinar a vibe de uma faixa, fazendo-a soar artificial. Edições desnecessárias literalmente cortam a onda!

O desafio maior durante a mix foi ter que selecionar ou sacrificar certos instrumentos durante determinados trechos de cada música, sempre com o objetivo de preservar a dinâmica e privilegiar o que era de fato essencial ao arranjo. Também faz parte da mixagem, processar os sons para chegar em um resultado de timbres e texturas que contribuam para o resultado artístico e o teor “emocional” da obra. Isto sem falar da habitual “faxina” que é obrigatória! Já esta parte, a da “limpeza geral”, não é tão divertida nem tão musical quanto as demais etapas.

Em muitas oportunidades, prefiro mixar de forma analógica, processando o áudio no hardware externo que tenho aqui (compressores e equalizadores). No caso da faixa “O Leve”, com mais de 30 canais, foi mais sensato e viável mixar “in the box”, no Pro Tools mesmo. Noventa porcento do que uso para processamento digital são os plugins da Universal Audio. São maravilhosos!
Também usei alguns plugins da Waves, que também curto muito.

Abrindo agora a session da faixa “O Leve”, sete meses depois de mixada, começo a recapitular alguns dos procedimentos:

Voz da Tatá: basicamente só saturacão de harmônicos:
Quase nada de equalização, somente um filtro nos graves, um compressor LA2A e um simulador de tape Studer A800 para dar uma saturada, uma cor.

Enfim, me surpreendo `a medida em que vou abrindo cada instrumento da faixa… Muito menos processamento do que eu imaginava! Em geral, um pouco de saturação de harmônicos para esquentar, leve compressão e sutis correções de EQ para que cada instrumento encontrasse seu espaço junto aos “amigos” dentro da mix.

O único reverb utilizado foi o UAD Lexicon 224 em um único canal auxiliar para onde foram enviados instrumentos que porventura necessitavam de alguma “sala”. O reverb é curto e tem um filtro nos agudos, a partir de 4khz, para não brilhar demais…

Masterização:

Durante a masterização, utilizei dois processadores analógicos. Primeiro, passei o áudio pelo compressor API 2500, comprimindo gentilmente (menos de 2db) só para dar uma “liga” geral. Na sequência, o sinal passou pelo equalizador API 5500 para acrescentar uma última cor e para compatibilizar a vibe entre as 14 faixas do disco. O som dos transformadores destes equipamentos da API também dão aquele “molho” super especial no resultado final. Tudo isso sendo convertido digitalmente de volta para o Pro Tools.

Depois, foi só nivelar os volumes de acordo com a ordem das faixas e acrescentar um limiter geral para ter volume compatível com as gravações que rolam por aí, na praça. Só alegria! O Leve!